Em tempos de crise, ressurge a cobrança pelo retorno do financiamento
público de pesquisa sem levar em conta que a produção da ciência segue
caminhos complexos e interligados
FABRÍCIO MARQUES |
FAPESP-PESQUISA ED. 246 | AGOSTO 2016
Em tempos de crise econômica, é comum que a sociedade questione a
aplicação do dinheiro público e queira privilegiar atividades que deem
retorno visível e imediato. Áreas em que os resultados são mais difusos
ou menos palpáveis frequentemente passam a ser vistas como não
prioritárias na hora da alocação dos recursos. Quando esse fenômeno
afeta o sistema de pesquisa, cujo financiamento depende em grande medida
– varia de país a país – do Estado, com frequência ele se traduz na
oposição entre pesquisa básica e pesquisa aplicada, como se fossem
conceitos independentes e não profundamente interligados. O investimento
em pesquisa que resulta imediatamente em novos produtos e tecnologias
tende a ser visto como o mais importante, por trazer retorno tangível à
sociedade. Já os recursos direcionados à ciência básica às vezes são
considerados uma extravagância, como pontuou em 1967 o então governador
eleito da Califórnia, o republicano Ronald Reagan, ao propor, como
medida para resolver problemas orçamentários, que os contribuintes
deixassem de financiar a “curiosidade intelectual” em programas e cursos
das universidades estaduais. “Nós acreditamos que há certos luxos
intelectuais que talvez pudéssemos dispensar”, disse Reagan, atraindo
críticas de toda parte. “Se uma universidade não é o lugar em que a
curiosidade intelectual deve ser encorajada e subvencionada, então ela
não é nada”, reagiu à época o jornal The Los Angeles Times, em editorial.
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