terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Principais motivos que levam uma empresa a fechar as portas

Artigo de Ricardo M0llo do Instituto Insper (http://www.insper.edu.br/conhecimento/estrategia-e-gestao/principais-motivos-que-levam-uma-empresa-fechar-portas/)

Em média 25% das pequenas e médias empresas no Brasil fecham suas portas com apenas dois anos de atividade, sendo que com cinco anos este índice aumenta para mais de 50%. Os principais motivos são a falta de capital de giro, baixos lucros, alto endividamento e, principalmente, baixo nível de gestão empresarial. Há diversos outros motivos que também ajudam a explicar a alta mortalidade das empresas: baixa competitividade, conflito entre sócios, falta de experiência empresarial, altos custos e despesas, inadimplência, falta de clientes e interferências governamentais.

O ano de 2015 tem sido um dos piores anos para as empresas brasileiras. A forte crise política associada à leniência do governo para implantar um processo de reestruturação administrativa com impactos relevantes sobre os gastos governamentais produziram uma crise econômica que nos afetará por diversos anos. O que estamos passando neste momento é apenas o início de uma fase dura que terá enormes impactos e consequências na sustentabilidade financeira das companhias e no desenvolvimento da nossa sociedade. A atual gestão governamental vem, há muito tempo, se orgulhando de ter conseguido avanços no desenvolvimento das empresas e no combate à pobreza. Porém, infelizmente, teremos nos próximos tempos um retrocesso importante que, provavelmente, consumirá grande parte da evolução social e empresarial dos últimos anos.

Recentemente a Serasa divulgou que quase 50% das empresas brasileiras têm algum tipo de atraso de pagamentos. A alta da inadimplência de forma acelerada é um indício muito negativo de que precisamos reagir para conseguirmos manter nossas companhias estáveis. O que fazer para não corrermos o risco de comprometê-las? A melhor forma é prevenir-se para não chegar a situações de risco insustentáveis.

Uma boa forma de prevenção é desenvolver um plano de negócios de curto e médio prazos, que levem em consideração como a companhia se desenvolverá. Este planejamento deve contemplar um fluxo de caixa das operações, análise de rentabilidade e, principalmente, um plano de ação que deve ser executado com o máximo de disciplina. Companhias que planejam, são bem controladas e estáveis financeiramente têm, geralmente, maior chance de sucesso.

Seguem algumas dicas de como se prevenir e melhorar a administração de sua companhia:
  • Aumentar controle de resultados;
  • Fazer planejamento financeiro;
  • Reduzir riscos;
  • Separar conta corrente pessoal da conta da empresa;
  • Distribuir lucros somente quando a companhia estiver estável;
  • Reduzir obstinadamente custos e despesas;
  • Reduzir capital de giro empregado em estoque e contas a receber;
  • Manter caixa de segurança;
  • Melhorar relacionamento bancário;
  • Criar parcerias com fornecedores.

Mantenha o arrojo comercial, mas com conservadorismo financeiro. Tente adequar suas finanças pessoais com a capacidade de geração de caixa da companhia, sem descuidar do seu crescimento, pois é ele que garantirá a sustentabilidade dos seus futuros ganhos.

Entretanto, o que fazer quando a companhia está mal? O primeiro passo é diagnosticar os principais problemas e montar um plano de reestruturação com duas fases: de ações emergenciais e de estabilização. Geralmente, a principal ação emergencial é a de se conseguir mais recursos financeiros. As formas mais rápidas para conseguirmos caixa extra são: venda de ativos da companhia ou mesmo dos sócios, busca de empréstimos com garantia de bens pessoais, redução acelerada de estoques e venda de participação acionaria. Contudo, garantir o caixa para a fase emergencial não é suficiente. É necessário atacar as origens dos problemas que levaram a empresa a chegar nesta situação.

É muito difícil empreender no Brasil. O custo Brasil, as altíssimas taxas de juros e de impostos, os altos gastos com logística, burocracia, corrupção e a volatilidade cambial impõem aos empresários enormes desafios de gestão. Em todo país em desenvolvimento, porém, há inúmeras oportunidades para empreender. Como os riscos são altos, os melhores negócios tendem a apresentar ótimo potencial de rentabilidade.

Qualquer crise é algo muito ruim para o desenvolvimento do país e de sua sociedade, porém se há algo de positivo que podemos aprender com este processo é conseguirmos sobreviver, mesmo em situações adversas. Infelizmente diversas companhias deixarão o mercado nos próximos tempos, desta forma, as mais preparadas e competitivas conseguirão sobressair-se e certamente se fortalecerão.

Muitos empreendedores estão vendo a crise como uma oportunidade de ganhar espaço de competidores vulneráveis ou mesmo de compra-los por preços mais baixos. De qualquer forma é muito importante neste momento mantermos o positivismo, considerando que esta crise será apenas mais uma das diversas por que já passamos e que, com planejamento, gestão e foco no crescimento, nossas empresas se manterão com as portas abertas por diversas gerações.